quinta-feira, agosto 27, 2009

Cuckoo For Caca

Será que Alberto Gilardino e Mike Patton são a mesma pessoa?
Fontes ligeiramente inquinadas, mas ainda assim beberricáveis, afiançam-nos que o codicioso avançado "viola" e o regurgitante vocalista americano são efectivamente a mesma pessoa. E até nos contaram o que se passou neste mês de Agosto.
Os Faith No More estiveram, como é do conhecimento público, no Festival do Sudoeste, com Patton à cabeça. Tudo correu pelo melhor: o público gostou deles e eles gostaram de nós e do nosso vinho. Talvez até mais do vinho, mas gostamos de pensar que foi de nós. Vai daí, Patton fez uns sons vocais esquisitos que ninguém entendeu mas que queriam dizer “Pá, eu vou ficar por cá durante uns tempos, curto esta cena”. “E por quanto tempo, Mike?”, ao que ele respondeu com dois esgares, meio grunhido em falsete e um grito bastante longo que significava “Só quero pisar o palco de Alvalade outra vez, que deixei umas garrafas preciosas em cima do palco em 1992”.
Dito e feito. A 18 de Agosto, lá estava ele em Alvalade, metendo os nervos em franja ao vocalista dos A-Ha, culminando a sua actuação com um toque mágico que um determinado árbitro magiar considerou algures entre o ombro e a testa. No despique entre o rock dos anos 90 e a pop dos anos 80, um pequeno jogo de cintura fez toda a diferença. Sem dúvida: ele é um sujeito bastante multifacetado.

sábado, agosto 22, 2009

O Não-Golo

Estava um locutor, um comentador e um repórter a cobrir uma partida de futebol nocturna.
Quando menos se esperava, um cruzamento da esquerda, alguns malabarismos junto ao segundo poste, um mergulho em vão, uma perna e umas costas, um índio feito maluco lá na grande área e… está lá dentro.
Atravessou a linha de golo.
Encostou-se às redes.
O árbitro apontou para o centro do terreno. E não era um árbitro qualquer, era o vilão do Martins dos Santos.
Festejos e protestos.

Ao bom relato exige-se, no mínimo, que se diga de forma perceptível “GOLO” quando, de facto, é golo.
Como foi o caso.
Quanto mais não seja para os invisuais e amblíopes poderem imaginar o lance em questão com um nível de rigor aceitável.
Mas o locutor engasgou-se com a palavra, atordoado que estava a tentar discernir uma falta, um marcador, uma coisa qualquer. Naquele momento, cravar uma faca no coração equivalia a dizer “GOLO”. Era demasiado atroz que aquilo pudesse ter sido um. E meteu conversa com o repórter, procurando aliviar o seu pesar.
O repórter estava a pesquisar um dado estatístico rebuscado para se sair no próximo canto. Aquele incidente estragou-lhe os planos. Não viu bem o que quer que aquilo foi. Mas não estragou a onda e avançou com um nome, tentando discernir aquelas silhuetas ululantes lá na área. Também não foi capaz de dizer “GOLO”. Ora essa. O comentador interveio.
O comentador sabe que aconteceu alguma coisa, feito por alguém, mas não disse ao certo o quê. Houve um último toque para qualquer coisa e que foi Bermudez quem fez aquilo, mesmo sem intenção. Manteve-se seguro como quem diz “contem comigo, rapazes, eu já os conheço a todos de ginjeira, a bem dizer eu fui o único de nós que andou lá dentro, tenham juízo”.

Enfim, o máximo que conseguiram no meio de tanta estupefacção foi um fugaz “GOLO”, que salvou a sua vida fugindo por entre os dentes de Rui Loura. Queriam gajos a morrer ao microfone, exclamando "GOLO!" como se não houvesse amanhã? Queriam Benfica TV? Esqueçam, estes tipos jogaram pelo seguro e deram-nos com um banho de expressões sinónimas.
Queremos acreditar que foi por respeito ao futebol bem jogado: um golo daqueles é tão caricato que nem deve merecer honras de golo. Quanto muito, é apenas “uma bola que entrou na baliza”.
Foi uma… coisa, pronto. Mas não foi uma… coisa qualquer: esta… coisa foi a única… coisa que o Bermudez… coisou enquanto por cá andou. É um belo cartão de visita.

terça-feira, agosto 18, 2009

Vota Caneira

É mesmo verdade: Caneira foi lançado às feras do mundo da política e o seu padrinho é nada mais nada menos que Fernando Seara, esse putativo candidato a candidato a Presidente do Benfica, mais conhecido como comentador que não diz os L’s e que, de vez em quando, também passa por autarca.

Os dados estão lançados e a decisão caberá ao povo de Almargem do Bispo. Este será o teste definitivo às capacidades de liderança de Caneira, que já se auto-exaltou no passado como “grande líder” e tudo… embora as suas cores políticas sejam diametralmente opostas às de Mao Tsé-Tung. De resto, a carreira futebolística de Caneira parece ir abstendo-se de grandes acometimentos à medida que caminha para o ocaso e nada melhor que um bom tacho, aham, cargo político, para livrar-se de uma vida pós-futebol dedicada à restauração e à criação de suculentos leitões, que, embora riquíssimos em valor energético, são pouco consentâneos com quem veste Sacoor Brothers e Timberland.

Segundo o que a nossa SAD apurou, Caneira começa bem, como um bom político: prometendo coisas irrealizáveis. Neste cartaz exclusivo da nossa SAD, garante que irá passar o meio-campo. Ou seja, demagogia pura. Já só falta dizer “jogo bem em qualquer parte da defesa”, “farei cruzamentos temerários na linha de fundo” ou “aquele golo ao Inter não foi sorte”.

Para além do slogan orelhudo, Caneira também iniciou uma campanha para limpar a sua imagem pública, depois de ter entrado na votação para “jogador mais feio do Mundial 2006”, a sua primeira grande experiência eleitoral. Como tal, Caneira foi visto com a socialite Paris Hilton a sair de um clube nocturno de Beverly Hills, com o intuito de passar uma imagem benquista junto do público feminino e com a secreta esperança que Hilton possa vir a recensear-se em Almargem do Bispo rapidamente e assim depositar mais um voto nele. Hilton, por seu turno, declarou-se “farta do Cristiano Ronaldo e pronta para desenjoar com um tipo com cara de low-life”. “Este ao menos não me finta”, disse, entre sorrisos que podiam ser derivados da embriaguez dela, nunca se sabe. Mais tarde, mostrou-se desiludida quando soube que, afinal, aquele não era o Karagounis mas sim o Caneira. “O dos leitões?”, perguntou. Quando dissemos que sim, ela respondeu “oh, dear…” e despejou o seu Möet & Chandon para cima do seu caniche, francamente desencantada por Caneira, apesar de jogar em muitas posições, não ter demonstrado qualidades técnicas por aí além.

Os seus apoiantes dirão que Caneira pode não ser muito veloz nas transições defensivas, mas que tem um conceito muito amplo de cidadania.
Os seus detractores dirão que isso da cidadania é muito bonito, mas, lateral por lateral, até o André Marques devia dar um melhor Presidente da Junta.

Caneira, para já, tenta seguir o livro do bom político. Quando instado pela nossa SAD a comentar o seu plano de candidatura, respondeu como todos os políticos respondem quando a resposta exige algo mais que “sim” ou “não” e os seus advogados não estão por perto: “Não comento”.

Ou em vídeo, via maisfutebol.

sábado, agosto 15, 2009

Baston Revisitado

Burgos, 1994

(conversa traduzida de castelhano para tagalog, de tagalog para inglês e de inglês para português)

- Sr. Presidente, posso dar-lhe uma palavrinha?
- Sim, claro, dou sempre ouvidos ao meu treinador.
- Sr. Presidente, I think we have a situation here. [NOTA: a tradução para tagalog custou-nos um dinheirão, por isso cortámos na tradução inglês-português]
- Então, como assim?
- Aquele rapaz que temos na baliza…
- Rapaz?
- Yeah, o careca de bigode que perdia sempre a jogar poker no estágio…
- Oh, thaaat goalkeeper!... O que tem?
- Estive a fazer um estudo cuidado do seu perfil, analisei bem o seu potencial, enquadrei-o face às ambições da nossa equipa e cheguei a uma conclusão.
- Que foi?
- We gotta get rid of that son-of-a-bitch. Now.
- Ooooh!... Porquê?
- Porque os testes que efectuei provam que ele é um óptimo carteiro. É mesmo o indivíduo do plantel que mostra as melhores aptidões para exercer esta tarefa. E estes testes são infalíveis. But we’re not looking for a bloody mailman to save our goal! Sir, temos que encontrar um tipo a sério, se quisermos manter a dignidade.
- Tipo o quê? Um Filip De Wilde?
- Hell no! Para já, ficávamos com o nosso suplente, que acabou de cortar 8 dedos na máquina de cortar relva, mas que é um bom rapaz e o melhor genro que um treinador pode ter, if you know what I mean.
- Acha que esse suplente dá garantias, sem esses dedos todos?
- Well, he told me that he expects his fingers to grow back until Tuesday…
- E acha que isso vai acontecer?
- Bem… Se não for Terça será Quarta ou Quinta, depende de como o Betadine actuar… Nós temos é que resolver este “caso-Baston” já! Ele está a afectar a moral da equipa!
- E para onde o vamos despachar?
- Beats me… Hey, you’re the boss, not me…
- Quem seria capaz de o receber sem levantar questões?
- E que tal… o sr. Presidente não se dava muito bem com um tipo chamado Toñino que foi jogar para um clube português, o Sporting of the Keys? Parece-me uma boa opção, tínhamos facilidade em recomendá-lo…
- That’s it! We’ll send him there! O Baston não será mais um problema para Burgos!
- Nem para Espanha!…
- God be praised!

Chaves, 1995

Ao princípio, as gentes achavam-lhe graça. “Olha, pai, parece o nosso carteiro!”, dizia a criança nas bancadas graníticas do Municipal flaviense, agitando a bandeira azul-grenat pelos ares robustos do Marão. Toda a esperança do mundo estava depositada naquele guardião espanhol, o símbolo do renascimento do Desportivo. Mas não tardou até que os calejados olhos transmontanos chorassem lágrimas de incredulidade e de desgosto profundo. “Porquê, pai? Porquê?”, interrogava-se a criança, esfregando os olhos sob o consolo paternal do progenitor, também ele vergastado pela desilusão, que lhe afagava o cabelo e a custo emitia “É apenas um pesadelo, filho. É apenas um pesadelo”.
Não. Era apenas a dura realidade.

quarta-feira, agosto 12, 2009

O Tipo Que Veio Com o Sá Pinto do Salgueiros

Lembram-se dele?
Concedemos que o marido da Luísa Beirão não tem o perfil cromático de um Quim Berto, por exemplo. Damos de barato que o tipo que engatou a Luísa Beirão consiga ensinar Benítez a cruzar para outro lugar que não o sector 32B e o eterno Kasongo a escolher o perfume certo para uma saída nocturna. Até admitimos que o gajo que é visto amiúde com a Luísa Beirão seria menos desengonçado a correr que Areias e que seria capaz de desdenhar a roupa da moda que Capucho em tempos usou. Ou talvez não.
Então, o que faz o indivíduo que não larga a Luísa Beirão por aqui, nestas paragens áridas onde impera a lei do cromo mais forte, onde as vedetas são massacradas sem piedade em recontros ao pôr-do-sol, sem Rey(es) nem (Hélio) Roque, e onde a mediania bem-comportada apenas merece a nossa complacência?
Bem, há uma forte razão: o cromo ilustra um dos momentos mais altos de toda a carreira do sujeito que já deve ter visto a Luísa Beirão com (ainda) menos roupa do que a grande maioria de nós já a viu. Sim, é mesmo isso – o jogo do Sporting contra a sua lua de então, o saloio Lourinhanense.
E não dizemos “momento alto” apenas pela galhardia com que o fulano que vai para a praia com a Luísa Beirão disputa o lance aéreo contra a equipa que poderia ter sido o seu destino e que foi o trampolim para as carreiras fulgurantes de Alfredo Bóia, Viveros ou Sabugo. Experimentem escrever Lourinhanense no vosso Word e logo vêem a reacção do programa do Office – ele sublinha Lourinhanense a vermelho, atónito perante a raridade. De facto, o simpático Lourinhanense, cujo grandioso emblema, para além de um leão, de uma árvore e de um sol sorridente, faz alusão à condição de satélite do próprio clube, não merece hoje mais que umas linhas de um jornal regional, depois de ter saído da órbita do Sporting e de se ter deixado absorver pelo buraco negro do anonimato.
Dizemos “momento alto” porque somos muito nostálgicos e tu, Pedrosa, fizeste-nos relembrar os bons velhos tempos desse mistério que intriga toda a juventude e que dá pelo nome de Lourinhanense. Lourinhanense, que podia ter sido um novo Alverca, uma nova big thing do futebol luso, mas cuja conjugação cósmica assim não o permitiu. Com muita Pena nossa.
E agora dá lá os nossos cumprimentos à Luísa Beirão, por favor. Da maneira que mais preferires.

sábado, agosto 08, 2009

Nito Bonito - Parte II

Houve um tempo em que os animais falavam, que havia fadas e princesas e que o F.C.Porto comprava dois ou três reforços criteriosamente. E também houve um tempo em que o Nito e o Spassov partilhavam várias aventuras e desventuras, como se estivessem numa reprise de Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Eis a segunda parte de uma das suas tropelias (1ª parte):
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